Eugénio de Sá

Portugal


ATROCIDADES

Eu rogo, eu espero, eu – lamentoso - peço
Ao verdadeiro Deus que bem conheço
Que vergue, cale, vença a malvadez
Dos que outro deus se arrogam de servir
Pois não há deus que possa aplaudir
Atrocidades de tanta insensatez.

                   Eugénio de Sá



  
DESAMOR
Eugénio de Sá

Mulher que me rendeste aos teus caprichos
Preso nas malhas de um amor insano
Funéreo dia em que esse amor profano
Me deixou subjugado aos teus enguiços. 

Das cinzas desse amor o céu me prive
Que o meu peito renega essa pendência
E a razão mais me avisa ser demência
Insistir na desordem que em mim vive.

Pugno pela vontade que me falta
Para expulsar, quem dera, o teu feitiço
Mas neste palco ainda és a ribalta.

E assim, é nesse fogo em que me atiço
- Ardendo em chama cada vez mais alta -
 Que me consumo, sempre mais comisso.

  
MEA CULPA
Eugénio de Sá

Ah, se esta contrição tornasse leve
As culpas de te haver ignorado
Mas sabes tu, mulher, é este o fado
De quem despreza o bem, e a quem o deve.

Chamas-te tola porque idealizaste
O que se pode querer de quem se ama;
O fulgor do desejo, aquela chama
Que, como é justo, tu sempre sonhaste.

Mas nada foi secreto e eu senti
Que perdera – imbecil - todos os créditos
Ao ler no teu olhar tudo o que li.

E se hoje já não ouves os meus éditos
Não posso censurar-te,  pois eu vi
A desistência, nos teus ombros trépidos.



LIVRAI-NOS DELES, SENHOR
Eugénio de Sá

Oh Deus do mundo, Senhor do universo
Desce os Teus olhos aos míseros terrenos
Mostra de Ti o sacrossanto anverso
Às ímpias almas que em Ti crêem menos;

Aqueles pra quem só conta o que é perecível
Os que condenam débeis e indefesos
Ao despotismo vil, à fúria incrível
Que lhes servem interesses sempre acesos.

Piores pecados que a Teus olhem fulgem
Sem expiação possível, sem perdão,
Nem o indulto pio da própria Virgem.

Molda essas almas, Deus, e só então
Merecerão retornar à sua origem
Mas deste mundo não tenham fruição.



ALMA IMORTAL
Eugénio de Sá

Quando esburgada desta pele que a cobre
A minha alma ao etéreo se elevar
Nas cerúleas alturas alguém há de mandar
Que outra vida eu cumpra, vil ou nobre

E este mundo de novo me terá
De bom ou mau vestido, a acobertar
Uma alma dormente que a penar
Outro provável corpo buscará

Ninguém voltou do Além memorizado
Daquilo que o Pai nos tem já reservado
Que pudesse contar seguramente

Mas manda o nosso cerne acreditar
Que nesta terra há muito a caminhar
E que esta chama viverá pra sempre



AMAR É TUDO
Eugénio de Sá

Não há sentir maior que nos preencha
Nem há na vida nada que se iguale
A esta sensação de bem querença
De só de amor viver logo se instale

E se sabemos que ao contentamento
Corresponde outro tanto em desencanto
Cremos também ser do amor sustento
Depois de um beijo ver brotar um pranto

É pois feito de grandes controvérsias
Este amar tão declarado humano
Vencedor de procelas e inércias

E se este sentimento for de engano
E transformar em mágoa o que era festa
Nunca é irreparável esse dano



BAÇAS VIRTUDES
Eugénio de Sá

São baças as virtudes desta era
Como baças as gentes que a dirigem
Varrem-se os dogmas, nada é mais virgem
Lavra a indiferença nas máscaras de cera

Vê-se coroar de glória a arrogância
O que antes foi expressão hoje é mordaça
E a verdade tornou-se cousa baça
Nas bocas dos fautores da ganância;

Aqueles cujos meios ultrapassam
As lógicas mais pródigas da ética
São a demonstração da má genética
Que, orgulhosos, cultuam e abraçam

E assim, de retrocesso em retrocesso,
A sociedade vê gorar-se a esperança
De ver nos olhos (baços) de cada criança
A afirmação de um homem de sucesso



AS DOBRAS DO TEMPO
Eugénio de Sá

Verga-se-nos a vontade, a energia
A alguns momentos que o tempo suspende
O amor e a morte exercem tal magia
Que o tempo pára, e a eles se rende.

Somos obra de Deus e a Ele se deve
- Como o exemplo que nos deu Jesus –
Que o nosso tempo seja intenso e breve
Feliz às vezes, outras uma cruz.

É o destino que todos carregamos
Neste deambular por que passamos
Qual asserção a que há que aquiescer;

Experimentando venturas, se amamos
Ou sofrendo atrozmente, se matamos
As mil razões que temos pra viver.



(...)
Bárbaro tempo, abominosa idade,
Às outras eras pelos fados presa
Para labéu, e horror da humanidade!

Flagelos da virtude, e da grandeza,
Réus do infame e sacrílego atentado
De que treme a razão e a natureza!
(...) 
( M. M. Barbosa du Bocage in: “Elegias”) 

BÁRBARO TEMPO
Eugénio de Sá

Espanta-se a sociedade segregada
Perante o fausto elogio contra natura
Falsa doutrina, podre, malfadada
Parto maldito de uma causa impura

Abrem-se as salas dos notariados
E em breve as naves dos templos de Deus
Incensarão iguais apaixonados
Escárnicos pares que o fado inverteu

Que pais darão estas aberrações
Que a lei uniu e as bênçãos dotaram
Que poderá esperar-se dessas adopções?

Que será das crianças que privaram
No dia-a-dia c’o as contradições
Que lhes fará aquilo com que lidaram?



CHÃOS DE GUERRA
Eugénio de Sá

Não há altares que valham, que se bastem
Nem d’Allah as bandeiras esverdeadas
Que o sangue é negro e corre plas estradas
Não há mais dor que as orações resgatem.

Que céus são esses que a fumaça esconde?
Que estrondos colossais, que vil fragor,
Ofendem tanto a terra do Senhor
Que procura o amor, sem saber onde!

Ódios à solta por trás dos canhões
Meninos-homens, raivas sem idade
Chãos semeados só de humilhações.

Pasma-se o mundo de incredulidade
Esgrimem-se vozes, gritam-se razões
Mas estes chãos são de infertilidade!



DE FÉ PERDIDA
Eugénio de Sá

Cheiros de ti ficaram na almofada
Que junto à minha, alva, permanece
E enquanto me tarda a alvorada
No frio da noite só ela me aquece

As saudades são tantas, e a dor
Da tua ausência nos nossos lençóis
Trazem memórias vivas do amor
que tal como a minh’alma tu destróis

Surgem alvores do dia e dou comigo
Remoendo as razões deste abandono
Mas mais do que abismar-me não consigo

Porque te dei de mim todo o meu sono
Se o que investi em ti estava perdido
Até a fé, que agora não tem dono!



MEU AMOR NÃO TEM DONO
Eugénio de Sá 

Meu amor não é teu nem de mulher nenhuma
É barco sem amarras, sem um porto de abrigo
Eterno navegante, talvez por meu castigo
Tem destinos de vento nos mistérios da bruma!

Por isso terna amada, não me prendas ao leme
Que eu triste morrerei gemendo males d'amor
Perdida a liberdade, mais sentirei a dor
E saudade de amar, que meu peito mais teme!

Procura-me no mar, e lá me encontrarás
Entre as névoas da costa, e então me verás
 acenando-te ao longe, para além do farol…

Tristeza não te trago, trago-te cheiros de mar
Nem saudade de mim, que me dou ao chegar
Descansos, esses sim, que me canso de sol! 



MÃES TRISTEZA
Eugénio de Sá

Atrozes são as dores de uma mãe
que castigado vê o seu rebento
porque é só dele o visceral alento
que lhe sustenta a alma e a mantém

Ao ver extinguir-se o elo que acarinha 
como ente desgraçado a dirigir-se
ao nada de um futuro magro e triste,
a mãe mais envelhece, mais definha.

Será que lá do céu Deus se apieda
e vê no periclitar daquele credo
o mal que toma o ser que a dor carrega?

Que desespero é, que mete medo
Este vazio de fel que até sonega
um pouco de doçura ao gosto azedo?



 NO AMOR, O QUE MAIS QUERER
Eugénio de Sá

No amor o mais querer por melhor sorte
Que alguém que ama pode auspiciar
É ver o ser amado alçar-se forte
De volta à vida, a se regenerar

Assim se apoucam preocupações
Assim se aplaca a dor que nos doeu
Assim nos voltam gratas orações
Assim se louva o que se recebeu

Ceguemo-nos ao mal que nos afronta
Quando outro mal ao outro mais molesta
Porque essa dor é sempre a que mais conta

E submissos ao que não se contesta;
O princípio de amar e o que ele aponta
Façamos do bem querer a nossa gesta!



(morte na aldeia)

TRISTE MORRER)
Eugénio de Sá

Com um ruído de bengala gasta
P’la calçada se arrasta o velhinho
Move-o a morte que lhe foi madrasta
Ao levar deste mundo o seu vizinho

Porque no abandono pelos seus
Mais lhe não resta que amar os amigos
E os lembrar chorando os apogeus
Que como os seus se vão quedar esquecidos

Vela o velhinho e chora o companheiro
Que ali cumpre já frio preceito antigo
Até que o dia nasça soalheiro;

E à terra torne que em pó o tornará
Como destroço inútil desta vida
Porque valor não tem quem cá não está!



Desconfie-se dos auto-proclamados ‘eruditos’.
Por norma, o seu espírito não excede os limites
da banalidade e as restritas aspirações do acessório.
                                                                                                                                E.Sá

A REJEIÇÃO DO IMPERFEITO
Eugénio de Sá

O teu saber,  e o meu; ambos restritos
- Que do saber, da fama não me fio -
Se  de ‘eruditos’ está cheio o vazio
Que me preencham sedes d'infinito!

E assim, postulo a causa da poesia
- que ao douto não deve explicação -
Como valor maior da exaltação
Que o espírito liberta, em extasia.

Essa poesia que canta o amor,
Que, solidária, ampara cada dor,
Esse encanto que vem do coração.

Que os ‘eruditos’ falem dela a eito,
Alucinados em tornar perfeito
O que imperfeito é, pla rejeição!



DOLOROSA INTIMIDADE
Eugénio de Sá

Quem não se tenta perante o magnetismo
De um encontro com a sua solidão?
Quem pode resistir à tentação
De desvendar o seu próprio hermetismo?

Passamos toda a vida a distrair-nos
Tudo é pretexto pra não estarmos sós
Porque há receios, há pavores em nós
Do que possamos ser se o descobrirmos

Mas um dia quebramos os tabus;
Seja o que Deus quiser! - e decidimos
Despir as protecções e ficar nus

E aberto o nosso cerne então surgimos
Perante todas as dores da nossa cruz;
As que, mesmo escondidas, mais sentimos!



ESPERANÇOSA MORTE
Eugénio de Sá

Alma de mim metade, onde vós estais
Sabei-me nesta terra um penitente
Pois só por vós e para vós somente
Eu vivo das memórias que lembrais

Aí, ao pé de Deus, estais abrigada
Dos males desta vida de tormentos
E por meu mal vazio estou d’alentos
C’o a esperança de a mim vos ver chegada

Vos peço que por isso prepareis
Um cantinho no céu ao vosso lado
E assim chegada a hora sabereis;

Que nessa esperança durmo sossegado
Por saber que a certeza em vós poreis
Que o nosso amor será perpetuado!



DITOS DE CIRCUNSTÂNCIA
Eugénio de Sá
  
No velório de um cidadão qualquer,
Mesmo que em vida ele haja sido um traste,
Sempre se ouve - baixinho - alguém dizer:
Que perda irreparável, que desastre!

Mas, pós três badaladas e uma pá de cal,
No alisar das rugas que imitam o chorar,
Alguém dirá - baixinho - que fulano tal;
Bruto, arrogante e mau, "as foi pagar"!

Coitado, outros dirão, lá foi pra Deus...
São os que não tiveram que aturar
Aquele que foi o demo para os seus!

Faltou-lhe conhecer que o verbo amar
- Mesmo pra quem é laico ou é ateu -
É o que mais importa conjugar!



OS QUATRO ELEMENTOS
Eugénio de Sá

Da filosofia do conhecimento,  avultam
Quatro elementos nesta natureza
Sempre latentes e dos quais resultam
Irrefragáveis; vontade e... incerteza.

Do ar, o caos do pensamento humano
Do fogo, os mistérios recônditos do ser
Da água, o que é sublime, o que é mais sano;
A convicção que a fé há de prover.

Da terra, o simbolismo é da razão;
Personifica a concretização
Da vontade surgida numa mente.

Mas é no éter que tudo se mistura
E as respostas que o homem mais procura
Estão onde a luz é mais resplandecente!



OS TRAÇOS DE DEUS
Eugénio de Sá

Em vez de um conformismo exasperante
Ou de viva revolta amarga e dura
Pegamos numa pena, e num instante
Damos à dor o gosto da doçura

É assim o poeta verdadeiro
O que sabe expurgar de si a raiva
E escolhe como alvo o mundo inteiro
Para oferecer o amor pela palavra

Esta é nossa bandeira que drapeja
Sobre a poesia que nos varre a alma
Como um astro bendito que flameja

Ergamos, pois, a Deus os nossos braços
A Ele que nos quis dar este poder
Pra transmitir aos outros os Seus traços



O PLAGIADOR
Eugénio de Sá

Anacronismo puro e execrando
Que rouba o original ao seu autor
O plágio é dos males o mal maior
Pois brota de quem cria, invejando

E assim o medíocre se projecta
Num mundo que não pode ser o seu
E que cedo lhe extingue o apogeu
Mostrando-lhe o caminho da valeta

Incapaz de assumir-se, o desgraçado
Rumina, mói injúrias, recalcado
Pla sua obsessão persecutória

Até que, finalmente derrotado
Se esconde qual ralé, dissimulado
Apontado por todos como escória!



O TEMPLO DOS AMANTES
Eugénio de Sá

A natureza e eu, binómio antigo
Que me não canso de ver renovado
E sempre dou comigo deslumbrado
Plas ternas sensações do seu abrigo

É um campo que ondula à suave brisa
Pejado de papoilas escarlates
São as nobrezas do pastel dos mates
Nas belas folhas que o orvalho frisa

E se aos sentidos isto não bastasse
Inda os gorjeios de aves esfusiantes
Me faz querer que o tempo ali parasse

Por isso ali é o templo dos amantes
Como se nela o amor se sublimasse
No respirar dos ares purificantes



O SILÊNCIO DOS OFENDIDOS
Eugénio de Sá

Viver acompanhado, e todavia
Sentir-se só na casa que é de dois
É comum nestes tempos, e depois
De tristeza se vive o dia-a-dia

E este sentimento de impotência
Vai macerando a alma, e assim
Cada um se pergunta: que há em mim
Que mais não sou que uma transparência?

E eis que chega a vez de responder
Com o silêncio que há nos ofendidos
Deixando ao outro vez de se doer

Que ao silêncio não quis dar ouvidos
E um dia escutará a porta, que ao bater
Com o fragor, abafa alguns gemidos!



PALAVRAS SECAS
Eugénio de Sá

Secaram-se as palavras nestes dedos
Que outrora as faziam deslizar
Lestas, fluídas, querendo poetar
As idéias, os sonhos, os segredos...

Talvez que um dia voltem a brotar
Nestas mãos de poeta, entorpecidas
Plos desencantos desta e d’outras vidas
Que aos poucos as fizeram bloquear...

E ao fixar o espaço ora vazio
Que, sem palavras, triste se apresenta
O meu olhar é cada vez mais frio

Lembro então a sentença bolorenta
Velha, qual côdea que fede a bafio:
A poesia perdida não mais acalenta!



A NAU QUE NAVEGUEI
Eugénio de Sá

Da minha nau restam quilhas na lama
E uns quantos madeiros arqueados
Das côncavas cavernas dos costados
Nada que lembre o que lhe deu a fama.

Com ela naveguei tendo a bombordo
Toda a costa africana ocidental
Depois de haver deixado Portugal
Meu adorável reino, que recordo.

Fui penejando versos na amurada
No coração; a saudade da amada
No horizonte; o olhar deslumbrado.

Todas as tardes, no castelo da popa
Sempre pousava uma branca gaivota
Na espera de escutar de novo um fado.



DE FÉ PERDIDA
Eugénio de Sá

Cheiros de ti ficaram na almofada
Que junto à minha, alva, permanece
E enquanto me tarda a alvorada
No frio da noite só ela me aquece

As saudades são tantas e a dor
Da tua ausência nos nossos lençóis
Trazem memórias vivas do amor
que tal como a minh’alma tu destróis

Surgem alvores do dia e dou comigo
Remoendo as razões deste abandono
Mas mais do que abismar-me não consigo

Porque te dei de mim todo o meu sono
Se o que investi em ti estava perdido
Até a fé, que agora não tem dono!

  
EU TE NOMEIO, MÁGOA
Eugénio de Sá 

Eu te nomeio mágoa, que não sabes
ver neste porto o cais de uma saída
quisera dar-te a ordem de partida
pois tu recusas ver que aqui não cabes

Nesta tristonha nau da minha vida
que tenta enfunar velas e lograr
Ganhar destreza e fazer-se ao mar
Encontrar noutras águas melhor lida

Sigo a ternura nova de uma esperança
que me traga venturas e bonança
Eu te renego mágoa, vai-te embora!

Que os ventos estão hoje de feição
Eu te maldigo mágoa, vai-te agora!
Já se enche de maresia o coração

  

FADO MAIOR
Eugénio de Sá

É lá, nesse recanto da saudade
Que mora o fado antigo, marinheiro
Aquele fado de sempre, sem idade
Que numa voz maruja foi primeiro

Do Gama as caravelas foram palco
Dessa canção tristonha, perturbada
Que brota das gargantas em socalco
Com em soluços d’alma esfarrapada

Falo de Portugal, emocionado
De lá trouxe o meu fado, alegremente
Numa esperança de vida, engalanado

E inda o escuto ao longe, sobre o mar
Como se os ecos seus fossem presentes
No luso coração nele a vibrar



EVOCO ESPARTA
Eugénio de Sá

Por ver tanta ganância neste mundo
Eu evoco de Esparta os sóbrios usos
Leônidas relembro, rei facundo
Que só esbanjou coragem c’os intrusos.

Conjuro a educação n’essa urbe antiga
Onde o respeito aos velhos era lei
E quem malbaratasse era banido
Como gente mal querida pela grei.

Aos jovens competia a contenção
Como princípio mor a respeitar
E a conduzir na vida a sua acção,

E cedo o seu dever era zelar
Plo sossego das gentes e do chão
D’amada pátria, o seu cimeiro altar.



INTERIORIZAÇÃO
Eugénio de Sá

No que restou de mim busco a verdade
das quimeras marcantes que plantei
Do tudo o que mais quis sinto saudade
na ausência de saudade a quem me dei

Ah, esta frustração que hoje me prostra
numa interiorizada dor sentida
que nenhuma alegria de mim mostra
e no meu rosto a traços marca a vida

Deambulo em pedaços neste mundo
de tropeço em tropeço sem mais jeito
porque todos os males calam bem fundo
e os bens não me merecem qualquer preito

E assim em consciência a culpa assumo
De tantas culpas minhas e de tantos
Pra quê ver dissipado todo o fumo
Se é entre fumos que amamos os santos?





3 comentários:

  1. Gosto de Poemas e sempre acompanho os que pões ao meu alcance.Ler seus sonetos,é sentir afinidade com os mais variados temas e sentir na alma a inspiração de um poeta dedicado!Inspiração ,é como essas pétalas: sempre vivas, à mostrar beleza, leveza,sonhos, desejos, ilusãoes,saudade,revolta e toda a gama de sentimenros que permeiam a alma...mas sempre fundamentada no amor e na vontade de ser feliz. A alma do poeta está na poesia e, sempre mais nos presenteia com "Petalas de Rosas" e boa música,que nos lembram que a vida é um instante diante de tanto de bom que podemos criar!Há, em seus sonetos, um pouco de todos nós...Parabéns,por esse presente que podemos sempre ler...ler...ler...

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  2. Sonetos! Sempre me volto a eles fascinada. Quem dera me fosse dada a fluência necessária para deslizar as palavras por sua forma lírica. Lendo teus sonetos, poeta, e os de outros sonetistas que compõem esta joia literária, permito que minh´alma se sinta passeando pelo tempo, entre as visões soberbamente poetizadas. Tempos de infância, adolescência, juventude, maturidade...velhice . Visões entremeadas de afeto, de inocência, de amor, de desespero, de insurgência ante as vicissitudes da vida e as contingências do cotidiano, lembranças e tristezas...Conheço alguns teus sonetos há algum tempo e tê-los agora, acessíveis, foi mais que um presente, foi uma dádiva preciosa. Esta obra que conseguiu o feito de nos iluminar a mente sobre tão digna forma literária e ainda trazendo nomes preciosos de sonetistas e neste ponto, reverencio o autor, merece veementes aplausos. Ela deve ser absorvida com o coração, a alma e a mente. Parabéns...Eugènio de Sá, por ter seu nome ligado a tal preciosidade! Parabéns a todos!

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  3. Revendo e ledo sonetosleva admirar e sentir a alma do autor , que se entrega ao en cantamento, a delinear o conteúdo com conhecimento sando essa forma tão precisa, de uma inspiração calculada, com preparo e vocação poética admirável!
    Quero aprender um pouquinho dessa magia...
    DESAMOR: Já conheci, também o soneto... uma verdade nua...e crua!Bem delineado!
    MEA CULPA: Conissão num soneto, é semore gigante!
    ALMA IMORTAL:Interessante um Soneto em 4 estrofes: uma estória completa!
    AMAR É TUDO:Entrecontrovércias,Há quem ganha e há quem perde!
    SONETO INTELIGENTE:Boas virtudes
    VER PARA CRER: O que é seu é seu!
    As dobras do tempo:

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